sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A PRIMEIRA TRAIÇÃO


A primeira vez a gente nunca esquece.
Na verdade não me lembro muito bem o ano, sei que foi antes de 2004, talvez 2003.
Lembro que estava insatisfeita com o casamento, me sentia sozinha, com pouco carinho, R. nunca foi um cara de muito papo, lembro muito bem que no inicio do casamento cheguei a colocá-lo em check, ou procura ajuda psiquiátrica para o mau humor ou eu não quero mais. Ele até tentou, mas o médico ironizou que quem precisava de ajuda era sua esposa que deveria sorrir demais, ele era um cara normal.
Lembro que gostava dele quando bebia nos finais de semana, ficava comunicativo, alegre, amoroso, fazia milhares de declarações, mas o dia a dia era pavoroso, uma prisão para mim, uma pessoa que eu não podia conversar, a pessoa que deveria ser meu companheiro.
Cheguei fazer um caderno com diversos dias de desabafo, está no Brasil, senão postava trechos com datas, mais de ano de angústia. Toda vez que começava a tentar conversar ele saía e me deixava falando sozinha, o que gerou a espécie de um bloqueio.

O FATO:
Na época, ele pediu para sair do emprego onde estivera desde que chegou do interior, o patrão não pagava o salário dos empregados após a morte do pai, estávamos com as últimas prestações do carro usado atrasadas, estava verdadeiramente deprimido e ranzinza, por mais que eu quisesse ajudá-lo não podia sequer conversar com ele, tudo era motivo de patadas.
Foi ai que resolvi ajudá-lo, tinha experiencia em telemarketing e sabia que os juros propostos pelos bancos poderiam diminuir se você fosse altamente convincente, liguei lá e um atendente homem me atendeu, de cara falou que minha voz era bonita e que sim, me daria um bom desconto, mas que para isso ele precisaria esperar uns dias, pois as taxas alteram de acordo com a cotação do dólar, mas que ele pessoalmente se comprometeria a me ligar, quando a melhor taxa aparecesse, pegou meu telefone pessoal e me ligava constantemente para me informar as variações e realizar o tal desconto. No dia de melhor juros, me ligou conforme o combinado e foi claro, “eu faço questão de te entregar em mãos o boleto”. Mil dúvidas, mas por que não?
Encontrei com ele no metro Patriarca, nunca esqueço, tinha uma rua com uma subida enormmmmmeeee, cheguei lá em cima toda suada, mas segundo ele tinha uma praça sossegada para conversamos melhor.
Foi ali que troquei meu primeiro beijo com outro homem após minha jura no altar.
Ficamos só nos beijos e só naquele encontro. Mas foi o primeira traição de muitas que surgiriam.

“Porque quando eu jurei meu amor, eu trai a mim mesmo, hoje eu sei...” Raul Seixas


Nenhum comentário:

Postar um comentário